terça-feira, 4 de setembro de 2007

Educação

As esperanças na educação como fonte transformadora do homem e da sociedade é uma idéia de força, quase consensual. É verdade que muitos já não lhe atribuem o caráter "civilizador" que inicialmente as pessoas lhe davam, numa época em que se afirmava que "abrir uma escola era fechar uma cadeia". Somos hoje mais cautelosos no poder do ensino e, principalmente, mais descrentes em relação à capacidade da escola para a superação das desigualdades e resolução dos "males" que afligem a sociedade. Isso ocorre devido a muito discurso, muita promessa, mas nenhuma mudança significativa ou conseqüente na esfera da educação brasileira, principalmente no que se refere às condições para a produção do ensino. Entra governo, sai governo e essas condições deterioram cada vez mais. Revolta em educação é uma espécie de “livro-antena”, que busca captar e expressar os sentimentos dos profissionais da educação nos últimos tempos. As charges têm como objetivo aumentar ainda mais a densidade das denúncias e, ao mesmo tempo, conseguir o famoso efeito do “rir para não chorar”. De fato, as contradições são tão visíveis que só não chora quem estiver totalmente apático frente a um irreversível holocausto em câmara lenta. No sistema de pensamento de Sartre, a educação é entendida e praticada apenas como meio de doutrinação errada de uma modalidade. O indivíduo, por imposição legal, é obrigado a freqüentar a escola; é submetido a um currículo e a uma disciplina; é forçado a fazer exames, entre outras coisas. Do seu ponto de vista, tais práticas significam uma violência sobre a verdadeira liberdade e existência do indivíduo. Segundo o crítico Khemais Benhamida - baseia-se na natureza completamente subjetiva do "projeto" sartreano, no qual o outro aparece como limite da minha liberdade - Sartre vê as relações humanas como necessariamente hostis. Essa hostilidade se inicia na idéia do que é um ser humano e do que é o outro. Para o filósofo, o ser humano é liberdade. O ser humano, que existe, nada mais é do que um sujeito que organiza objetos a seu redor como tentativa de realizar intentos livremente escolhidos. Com a entrada do "Outro", essa liberdade sofre limitação. O relacionamento humano é intrinsecamente conflituoso. Alega-se que o conflito se agrava pelo fato de que, no esquema sartreano, é impossível dois sujeitos compartilharem um ponto de vista comum. Como representam dois projetos inteiramente diferentes, não há qualquer comunhão e só o conflito se faz possível. Se assim for, então, nas escolas, a figura do professor não teria muita utilidade, pois seu papel principal é facilitar a aprendizagem ou a construção de opções melhores por parte do aluno. Uma relação assim facilitadora, sugereria o crítico, possibilitando os relacionamentos positivos e chegando-se a opiniões comuns e, portanto, a um entendimento compartilhado. Mas na visão de Sartre, o educador teria um único objetivo natural e uma proposta para ser aplicada: auxiliar o estudante a ser ele mesmo, a ser livre.
"O grande segredo da educação consiste em orientar a vaidade para os objetivos certos."
(Adam Smith)

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